FELIZ ANO VELHO… E NOVO !

25/12/2012 20:19

 

 

          Talvez o tempo seja como Saturno, o deus da mitologia romana representado por Goya, que devora seus próprios filhos.

“O tempo é aquele que engendra, o pai absoluto que traz à existência para depois destruir sua prole”

“Matamos o tempo; o tempo nos enterra”, sentenciou Machado de Assis em Memórias Póstumas de Brás Cubas.O tempo passa, o tempo nos mata. Como afirmou o poeta, “O tempo  não  pára ”  Mas  o  ser humano ,  em sua  inteligencia quase divina, considerou mais apropriado convencionar que, em certos períodos do ciclo da vida, o tempo passado, passou C’ est fini !

Recomeça  um  novo  tempo,  o  novo  ano. O calendário é uma invenção humana.Seja juliano,gregoriano ou não !

Não obstante, em especial neste período , agimos  como  se  o tempo fosse naturalmente seccionado em dias, meses, anos… Fez-se noite, fez-se o dia e os instrumentos para contá-los. O tempo ,  contado  e  calculado , surge , então ,  como  obra  da natureza ou de uma entidade sobrenatural.

Terminamos por aceitar apenas  em parte que “ o  tempo  não pára ”.   Sim  ,  sabemos  que  o  tempo  nos  consome ,  mas  é precisamente  por  sabê-lo que  precisamos  estabelecer uma pausa  e  considerar  que  uma  era  terminou ( o  ano  velho)  e recomeçou  outra  ( o  ano  novo ).   Morreu  o  homem  velho  e nasceu um homem novo...será ?

Alimentamos a ilusão do eterno recomeço – até que a morte nos alcance.E que na verdade e de verdade os decênios que possuímos declaram o que mudou especialmente ao olhar em volta de si mesmos,afinal o que mudou ? Há sim os nossos aniversários aumentaram...esta é uma clara mudança

A necessidade que nos impele a romper os diques da razão e a dar vazão aos sentimentos, emoções e tudo o que significa comemorar o ANO NOVO.E é por isto que temos que ser novos também,e deixarmos de ser velhos de si mesmo sempre errando e nos acomodando no fato de “sermos” inerrantes porque ter isto ou aquilo ou sermos este ou aquele quando na verdade única nada somos e muito menos nada temos a não ser uma mente desvairada  de  um podre e pobre ego que leva alguns a serem sozinhos  e  sem  amigos  compartilhantes  e  por  certa  razão como digo: ao arrogante...sempre distante

Ainda que a razão nos grite que o tempo segue inexoravelmente a sua marcha,agimos e sentimos como se realmente iniciássemos um novo período em nossas vidas. Muitas vezes, procedemos até mesmo como se enterrássemos o “ego” pertinente ao “ano velho”, como seeste fosse “outro ego” e não aquele que somos na embriaguez da festança e no cotidiano da existência. E por vários dias, mesmo após a ressaca,sinceramente acreditamos que estamos numa nova fase da vida. Depois, a rotina enfraquece esta sensação e então o ano se torna longo e cansativo porque o nosso ego ainda esta lá ,talvez mais vivo do que nunca para o nosso desprazer e dos outros .

Este ano então torna se velho antes que termine. E, em nosso cansaço, ansiamos por mais um ano novo. E tudo se repete…demonstrando o cotidiano fatídico e ininterrupto das causas daquele que poderia ser humano,mas e humano sem ser...Porém, em qualquer tempo, o “outro ego”, que gostaríamos de abandonar no “ano passado”, teima em se fazer presente neste ano. Ainda que nãoqueiramos.

Não podemos esquecer a nós mesmos no tempo que passou, como se o anúncio do novo anorepresentasse uma espécie de acerto de contas. Mesmo assim, fazemos planos.

Transmitimos nosso desejo aos amigos e aos que amamos e, especialmente a nós mesmos, que neste ano tudo será diferente, votos,promessas,alianças desvencilham se neste apropriado e atmosférico tempo oportuno Fazemos ou desfazemos-nos de determinados objetos, procuramos dar termo às pendências e limpamos as gavetas, as reais e simbólicas,ou imaginárias. E ainda que tenhamos que carregar as dívidas,nós prometemos, e aos outros, que terão um tratamento diferenciado e que, neste ano, nos livraremos delas.Fazemos vistas grossa à dialética davida.

Teimamos em cindir o tempo passado e presente e idealizamos o “Ano Novo” como o início de um tempo capaz de realizarmos o “eu divino”,e este sim que almejamos na busca de forças para resistir às agruras que a realidade impõe,necessitamos ardentemente da sensação,ainda que por breve momento, de que superamos as misérias do tempo que passou em nós mesmos. Mas estas nos perseguem e impregnam o nosso ser, o nosso real e vívido tempo.Elas permanecem à espreita e se introduzem em nossas vidas a despeito dos nossos desejos e felicitações mútuas de um FELIZ ANO NOVO! FELIZ 2013 !

A nova realidade contém a velha…

Contudo, nos lixamos para a dialética. É uma necessidade psicológica e sensacional até extrasensorial Precisamos, ao menos, atenuar o Sofrimento inócuo de nós mesmos. São trincheiras mentais que nos ajudam a suportar a realidade.Construímos esta noção do tempo como um anteparo à angustia do viver cotidiano e realista que procede interdependente de marcantes calendários que “medem” a existência.

É-nos difícil admitir que o “ano novo” indica apenas que o ciclo da vida se aproxima do seu desfecho.

A natureza tem o seu tempo, e este, este sim, não pára. Ele passa e nos enterra…e que se não nos dimensionarmos reflexivamente dentro de nós e procurarmos nos encontrar,ou quem sabe reencontrar poderíamos para os mesmos apenas dizer FELIZ ANO VELHO,doutra maneira,e ai sim; mencionaremos...Feliz Ano Velho… e Novo!

 Antonio Ozaí da Silva

( Docente da Universidade Estadual de Maringá – Paraná )

( Texto adptado por Thomas Jefferson  Filósofo de Existencialidade Humana )